sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

aperto

o miúdo se encolheu e chorou. sentiu o coração na boca. pulsando dentro dela. e o coração cresceu, enchendo-se de sangue. afastando os dentes. as lágrimas pulavam dos olhos saltados. o coração não parava de crescer e os dentinhos tortos e pontudos começaram a rasgar o coração inquieto. abriu rasgos fundos e vermelhos. o miúdo juntou as forças e apertou os dentes contra a própria carne. furou o coração. mordeu e rasgou e esmigalhou. arrancou os pedaços e os engoliu lentamente, mas com ritmo e força. engoliu cada pedaço de carne até que não havia mais nada. parou de chorar.